Homenagem da Assembleia Legislativa de Santa Catarina na Sessão Especial Mulheres na Ciência

28/11/2023 08:26

Em 30/10, uma Sessão Solene em homenagem às mulheres cientistas de Santa Catarina foi realizada na Assembleia Legislativa, por iniciativa da deputada estadual Luciane Carminatti. Dentre as 2 entidades e 69 mulheres homenageadas, a docente do CCA, Professora Maria José Hötzel, foi destacada pelo seu trabalho notável, presença marcante, representatividade e legado na produção científica em diversas áreas.

Prêmio Mulheres na Ciência 2021

28/08/2022 07:30

As memórias das experiências vividas no meio do campo, dos verões quepassou junto com a família em uma fazenda de seus tios, na Argentina, despertaram em Maria José Hötzel o interesse pelos animais ainda na infância. Do início da graduação em Medicina Veterinária ao posto de pesquisadora mundialmente reconhecida na área do bem-estar animal, Maria edificou uma carreira exemplar e agora acrescenta ao currículo o Prêmio Mulheres na Ciência 2021, concedido pela Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

A homenagem tem como objetivo estimular, valorizar e dar visibilidade às mulheres da UFSC que fazem pesquisas científicas, tecnológicas e inovadoras, inspirando a comunidade científica interna e externa nas diferentes áreas do conhecimento e contribuindo para diminuir a assimetria de gênero na ciência. Docente do Departamento de Zootecnia e Desenvolvimento Rural, vinculado ao Centro de Ciências Agrárias (CCA), Maria sagrou-se vencedora na área de conhecimento Ciências da Vida, na Categoria Plena, voltada a pesquisadoras que ingressaram no quadro permanente da Universidade entre 31 de dezembro de 2000 e 31 de dezembro de 2013.

Nascida em Buenos Aires, Maria José Hötzel viveu parte da infância no Rio de Janeiro (RJ) e na capital argentina até se estabelecer com a família em Porto Alegre (RS), aos 12 anos. Cursou Medicina Veterinária na graduação e concluiu o mestrado em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Obteve o título de PhD pela University of Western Australia, experiência que compartilhou com o marido, o professor Ricardo Ruther, do Departamento de Engenharia Civil da UFSC. “As pessoas que nos conheciam acharam meio exótico a gente ir para a Austrália, um país que poucos conheciam na época. Eu tive muita sorte com o orientador, o tema da tese, o grupo de pesquisa, a universidade e a cidade. Tive uma excelente formação e foram quatro anos muito bons do ponto de vista pessoal”, recorda a professora.

A trajetória acadêmica 

Ao retornar para o Brasil, a pesquisadora conquistou uma bolsa recém-doutor do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em 1997, e logo se interessou pelo comportamento animal, passando a acompanhar e participar das pesquisas do Laboratório de Etologia Aplicada e Bem-Estar Animal (Leta), onde atualmente é co-coordenadora. Desde então, Maria Hötzel seguiu na UFSC, primeiro como pós-doc, depois como professora substituta, pesquisadora visitante do CNPq e professora visitante. Em 2006, conquistou o primeiro lugar em um concurso público realizado para vaga de docência no Departamento.

Maria José desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão e tem seu trabalho direcionado ao desenvolvimento de agroecossistemas sustentáveis, por meio da compreensão e melhoria do bem-estar dos animais, considerando as várias implicações éticas, ambientais, sociais e econômicas das práticas e dos sistemas de criação e da produção animal. Tem experiência com pesquisas em laboratório controlado e estudos na fazenda em diferentes espécies, bem como as atitudes dos cidadãos e das partes interessadas em relação às práticas e sistemas de produção pecuária.

Alguns de seus projetos recentes envolveram explorar as atitudes de agricultores e partes interessadas da cadeia produtiva animal sobre bem-estar animal, uso de antibióticos, One Health e One Welfare. Outros trabalhos de destaque e que mostram a variedade dos temas pesquisados pela professora estão relacionados com pesquisas sobre os temas antropomorfismo, sistemas de gaiolas de maternidade de porcas, edição gênica e naturalidade nos sistemas de criação de frangos de corte, todos relacionados ao bem-estar dos animais.

A professora Maria José é bolsista de Produtividade em Pesquisa 1A do CNPq. Na última década, a maior parte da sua pesquisa envolveu supervisão de alunos de graduação e no Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas da UFSC, além de programas colaborativos com pesquisadores nacionais e internacionais, de universidades e instituições de pesquisa no Canadá, Uruguai, Austrália, Chile e Suécia. Paralelamente às atividades acadêmicas, participa de sociedades científicas como membro e secretária-regional e como revisora e editora associada de revistas científicas nacionais e internacionais.

Os indicadores acadêmicos demonstram a consolidação da trajetória profissional da professora. Ao todo, são 126 artigos científicos publicados em periódicos, 5 livros publicados, 12 capítulos de livros, 39 orientações de mestrado e 9 de doutorado concluídas, 1.617 citações no Web of Science, 3.438 citações no Google Scholar e 158 resumos em conferências e congressos. Recentemente uma pesquisa bibliométrica publicada na revista Animals identificou Maria José Hötzel entre os autores com o maior número de publicações sobre bem-estar animal no mundo. O levantamento examinou a produção sobre o tema no popular banco de dados Web of Science.

Conciliação entre carreira e maternidade

O professor Luiz Carlos Pinheiro Machado Filho, docente titular da UFSC e também coordenador do LETA, destaca a inteligência e dedicação da colega. Ele ressalta o merecido reconhecimento com o Prêmio Mulheres na Ciência e a capacidade de conciliação da homenageada entre sua vida profissional e a maternidade. “Cientista brilhante, orientadora exemplar, professora competente, uma produtividade muito acima da média, coerente e ética em seu trabalho acadêmico, não tenho dúvidas de que Maria é merecedora de reconhecimento, como aliás tem tido. Entretanto, é preciso dizer que Maria não é apenas uma grande cientista, mas é também mulher em toda sua plenitude. Junto com seu marido Ricardo, também destacado cientista da UFSC, criou muito bem suas três lindas filhas e conseguiu compatibilizar a maternidade com uma carreira acadêmica de excelência”, escreveu Luiz Carlos na candidatura da professora ao prêmio.

Maria José ingressou na UFSC por concurso em 2006, quando Departamento onde atuava tinha apenas uma docente mulher. Foto: Acervo pessoal

Maria José Hötzel concluiu o doutorado com uma filha recém-nascida, em 1995, iniciou sua bolsa de recém-doutora grávida, em 1997, e ainda teve uma terceira filha, em 2004, quando era professora visitante na UFSC. “No início foi um pouco caótico, mas eu me lembro mais dos momentos bons. (…) A minha segunda filha tinha apenas um mês de vida – e a mais velha tinha acabado de fazer dois anos – quando comecei a dar aulas em duas disciplinas na UFSC, como bolsista recém-doutor. As bolsas do CNPq não tinham licença maternidade e o fato de eu preparar e dar aulas enquanto amamentava um bebê recém-nascido foi considerado muito normal”, recorda a professora.

A pesquisadora revela que ao longo de sua trajetória na Universidade, até ingressar por concurso em 2006, o Departamento onde atuava tinha apenas uma docente mulher. Segundo ela, em uma época em que as pautas de gênero ainda não existiam, os reitores, diretores de Centro, chefes de Departamento e coordenadores eram todos homens. Por isso, Maria José salienta a importância do reconhecimento como mulher cientista. “Me sinto honrada e muito feliz com a premiação, pois temos muitas mulheres na UFSC que se destacam e precisamos mostrar isso para a comunidade. As iniciativas que contribuem para dar visibilidade às mulheres e a questões de gênero no ambiente acadêmico abrem as portas para compartilhar experiências e demandas. E também são importantes para incentivar as nossas estudantes e professoras”, avalia.

A professora premiada, por fim, ressaltou que toda sua formação acadêmica ocorreu em universidades federais e com bolsas de financiamento de pesquisa. Ela destaca que muitas pessoas são importantes em seu percurso, especialmente os colegas de laboratório e estudantes, e finaliza com um agradecimento especial: “Eu gostaria de fazer uma menção especial às muitas mulheres que deram apoio à nossa família apoiando nas tarefas domésticas, na educação e nos cuidados das meninas; elas foram fundamentais para eu conseguir conciliar carreira e família. A pandemia revelou a importância das pessoas, na sua maioria mulheres, que através do seu trabalho dão o apoio essencial ao dia a dia de todas as atividades”.

Link para página do Prêmio

Maykon Oliveira/Jornalista da Agecom/UFSC, 19/11/2021

Especialistas pedem que governos comecem a incluir o bem-estar animal na governança do desenvolvimento sustentável

25/05/2022 07:46

See also:

Cientistas e outros especialistas cobram que os governos passem a incluir o bem-estar animal na governança do desenvolvimento sustentável já, a fim de trabalhar rumo a um mundo mais saudável, mais resiliente e mais sustentável para todos.

A revista CABI One Health publicou um comentário de uma equipe de especialistas, em preparação para a Conferência das Nações Unidas Estocolmo+50, nos dias 2 e 3 de junho de 2022. O comentário explica por que os animais importam para o desenvolvimento sustentável e por que o desenvolvimento sustentável importa para os animais, e exorta os governos a “reconhecerem a importância do bem-estar animal para o desenvolvimento sustentável, buscarem prejudicar menos os animais, e a fazer-lhes o bem como parte da governança do desenvolvimento sustentável.”

A Conferência Estocolmo+50 irá comemorar os 50 anos da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo (Suécia) em 1972, e 50 anos de ações globais em prol do meio ambiente. O evento tem como objetivo alavanca e acelerar a implementação da chamada Década de Ação da ONU para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, incluindo a Agenda 2030, o Acordo de Paris para as mudanças climáticas, e o Marco Global para a Biodiversidade pós-2020. Também visa incentivar a adoção de planos verdes de recuperação pós-COVID-19.

Entretanto, o comentário destaca que nos 50 anos desde a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, o bem-estar animal continua a ser negligenciado na governança para o desenvolvimento sustentável. Um exemplo claro disso é que a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável inclui 169 metas, algumas das quais tratam da proteção de espécies animais, da biodiversidade e habitats. No entanto, a Agenda não aborda o bem-estar animal. De acordo com os autores, essa é uma importante omissão: “Saúde humana, animal e ambiental estão ligadas,” explicou Jeff Sebo, professor associado de estudos ambientais, professor afiliado de bioética, ética médica, filosofia e direito, e diretor do programa de estudos animais da Universidade de Nova York, e um dos principais autores do comentário. “Os governos precisam tomar medidas para incluir os animais na governança do desenvolvimento sustentável, em prol de animais humanos e não humanos.”
Um exemplo-chave de como a forma como tratamos os animais afeta a nossa capacidade de alcançar o desenvolvimento sustentável é o fato de a pecuária ser um dos principais setores responsáveis pelas mudanças climáticas. Também se observa que, na maioria dos casos, a agricultura animal consome “muito mais terra e água” e produz “muito mais lixo e poluição” que as alternativas à base de vegetais.

O comentário enfatiza que a produção animal industrial também contribui para o surgimento de doenças infecciosas. Este sistema alimentar mantém animais domésticos em pouco espaço, e usa quantidades excessivas de antibióticos para estimular o crescimento e controlar doenças, permitindo assim que doenças infecciosas se desenvolvam e se espalhem. Os atuais surtos de gripe aviária, que já levaram ao abate de milhões de aves em todo o mundo, ilustram muito bem esse risco.

“A pandemia da COVID-19 nos lembra que indústrias como a de produção animal industrial e o comércio de animais selvagens não só prejudicam e matam muitos animais por ano, como também contribuem com ameaças globais de saúde e meio ambiente que prejudicam a todos nós”, disse Cleo Verkuijl, pesquisadora do Instituto Ambiental de Estocolmo e outra dos principais autores do comentário.

O comentário destaca a abordagem de Saúde Única – que reconhece as interligações entre a saúde humana, animal e ambiental – como um “quadro promissor para melhorar a saúde global”, mas observa que suas interpretações convencionais são “antropocêntricas, na medida em que tendem a valorizar os animais não humanos basicamente para o benefício dos seres humanos, o que pode levar a políticas que prejudicam e negligenciam os seres não-humanos desnecessariamente”.

Ver original

 

Pesquisa de opinião sobre uso de animais

11/06/2020 14:34

Em 2015, 1.009 estudantes de graduação da UFSC participaram respondendo uma pesquisa sobre diversos aspectos dos animais e seus usos pelos humanos.  Como será a opinião dos jovens 7 anos mais tarde? Em 2022, mais 959 estudantes de graduação participaram respondendo o nosso questionário.

Em breve publicaremos alguns resultados parciais.

(mais…)